Técnicas cirúrgicas para transplante capilar fio a fio

Existem muitas dúvidas sobre as técnicas cirúrgicas utilizadas no transplante capilar, e resumidamente vamos falar um pouco sobre cada uma delas. Basicamente, utilizamos duas técnicas consagradas ou uma associação das mesmas:

  • FUT
  • FUE
  • FUT+FUE

Sobre a técnica FUT

Técnica que remove uma faixa de tecido do couro cabeludo, na parte de traz da cabeça/área doadora (occipital) deixando uma cicatriz linear no local. Na sequência, e utilizando-se de microscópios especiais,  todos os bulbos contidos nesta faixa são dissecados e separados para que, de forma cadenciada, sejam utilizados no microtransplante capilar fio a fio .

Indicações:

  • Maioria dos casos
  • Áreas de calvície moderadas e principalmente as extensas
  • Todos os tipos de cabelos (relacionados à qualidade e aspecto dos fios)
  • Bulbos retilíneos e/ou tortuosos
  • Elasticidade de pele normal e/ou aumentada
  • Densidade capilar na área doadora diminuída ou normal

Contra-indicações:

  • Paciente não deseja cicatriz linear
  • Área doadora com densidade muito pobre (cicatriz aparente)

Vantagens:

  • Paciente não precisa raspar a cabeça
  • Bulbos são dissecados de forma mais rápida e fácil
  • Magnificação de imagem (microscópios avançados)
  • Melhor viabilidade dos bulbos
  • Melhor visualização das unidades foliculares (bulbos)
  • Resultados efetivos com poucas sessões de transplante capilar quando falamos de grandes áreas a serem tratadas
  • Resultados mais seguros
  • Menor % de perda de bulbos/fios no pós operatório

Desvantagens:

  •  Deixa uma cicatriz linear na região posterior da cabeça

Considerações: Esta técnica é a mais consagrada e mais indicada em todos os serviços que realizam o transplante capilar. Ela prioriza o “RESULTADO SEGURO”. Mesmo que deixemos uma cicatriz linear (localizada na parte de traz da cabeça) teremos o controle absoluto sobre a faixa retirada e sobre a dissecção dos bulbos com os microscópios. Neste caso, teremos um número maior de bulbos de qualidade, que foram dissecados de forma simples e segura, proporcionando assim resultados cirúrgicos mais efetivos e controlados.

Sobre a técnica FUE

Técnica de extração folicular única, onde utilizamos um “PUNCH MOTORIZADO” para a remoção individual dos bulbos (unidades foliculares). Com esta técnica, podemos utilizar punchs de vários diametros. A escolha do diâmetro correto do punch respeita uma série de premissas que são avaliadas durante a consulta especializada. Quanto maior o diâmetro do punch utilizado, mais fácil é a retirada do bulbo, porém maior será a cicatriz no local da área doadora (cicatrizes puntiformes). Quanto menor o diâmetro do punch, menor será a cicatriz no local da remoção do bulbo e mais difícil será a retirada segura do bulbo. Portanto, a escolha correta do diâmetro do punch a ser utilizado é uma etapa importante, quando indicamos a técnica de FUE, sendo portanto, um fator determinante no sucesso da cirurgia e na qualidade da cicatriz no local de remoção dos bulbos (unidades foliculares).

Indicações:

  • Indicada em menor número de casos de “forma isolada”
  • Pequenas áreas de calvície a serem cobertas
  • Cabelos de haste firme e de bom diâmetro
  • Elasticidade na área doadora normal ou diminuída
  • Pacientes que não desejam cicatriz linear
  • Bulbos retilíneos

Vantagens:

  • Não deixa cicatriz linear
  • Deixa cicatrizes puntiformes e difusas

Desvantagens:

  • Maior tempo cirúrgico (extração folicular única)
  • Menor número de bulbos que poderão ser retirados devido ao limite de tempo cirúrgico
  • Paciente precisa raspar a cabeça
  • Retirada individualizada do bulbo é mais difícil  quando utilizamos punchs de diâmetro pequeno para priorizar cicatriz pequena
  • Maior perda de bulbos devido à complexidade de remoção dos bulbos (risco de lesão da base do bulbo) quando priorizamos punchs de diâmetro menor visando cicatrizes menores
  • – Risco maior de insatisfação com o resultado quando a técnica é indicada de forma isolada devido ao risco de maior perda de bulbos

Contra-indicações:

  • Grandes áreas a serem cobertas
  • Bulbos tortuosos e de haste irregular
  • Fios de cabelo muito finos ( menor do que 45 microns )
  • Folicoscopia (densidade capilar muito baixa)
  • Pacientes melanodérmicos (risco de cicatriz queloideana)
  • Pele da área doadora muito elástica (dificulta o trabalho do punch)

Considerações: A técnica de transplante capilar FUE, indicada de forma isolada, é um procedimento realizado em casos selecionados e que se encaixam nos pré-requisitos mencionados acima. É verdade que a técnica de FUE deixa cicatrizes menos aparentes na área doadora, porém , também é sabido que a extração folicular única resulta em uma maior porcentagem de perdas dos bulbos no pós operatório, quando comparada com a técnica de FUT.

A seleção correta do paciente, uma explicação objetiva e clara sobre as vantagens e desvantagens desta técnica, são mandatórias aos pacientes que desejam ser submetidos ao transplante capilar com a técnica isolada de FUE.

Sobre a técnica combinada FUT + FUE

Recentemente, estamos indicando, em um maior número de pacientes, a combinação das duas técnicas cirúrgicas, ou seja, utilizamos num mesmo tempo cirúrgico a técnica de FUT e de FUE. Para isso, posicionamos a cicatriz linear (FUT) numa área mais central da cabeça em sua porção posterior, e nas laterais (regiões temporais) realizamos a técnica de FUE. Sabemos que a cicatriz linear é mais percebida nas regiões temporais (laterais da cabeça) em alguns casos, principalmente em pacientes submetidos a mais de uma etapa de transplante capilar com a técnica de FUT, portanto a associação neste caso pode ser benéfica.

A associação das duas técnicas também pode ser indicada para a complementação do tratamento, em  grandes áreas de calvície, naqueles pacientes que desejam fazer “apenas uma etapa de transplante capilar”. Neste último caso, a decisão de associarmos as duas técnicas deve ser analisada de maneira bem criteriosa em relação ao risco x benefício desta escolha, ou seja, avaliarmos os resultados que podemos alcançar versus o risco cirúrgico aumentado devido ao tempo cirúrgico maior .

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha de uma ou outra técnica, ou mesmo a associação das duas, é uma decisão individualizada que será discutida com o paciente durante a sua consulta médica especializada. Todas as técnicas têm suas vantagens, suas desvantagens, suas indicações e contra indicações .

O mais importante durante a consulta médica é sabermos quais são os REAIS OBJETIVOS e as REAIS PREOCUPAÇÕES dos pacientes candidatos à um transplante capilar fio a fio. Sempre fazemos a seguinte pergunta:  “O QUE ELE DESEJA ALCANÇAR COM O TRANSPLANTE CAPILAR FIO A FIO ?

  • O paciente deseja priorizar uma cicatriz menor/menos aparente, aceitando às vezes uma perda, no resultado geral, maior ao final de um ano de cirurgia ?

       OU

  • O paciente deseja priorizar um resultado cirúrgico seguro e efetivo, mesmo que para isso ele tenha uma cicatriz maior ao final de um ano de cirurgia ?

Independente da escolha de uma ou outra técnica, sempre teremos que “trabalhar” na mente dos pacientes a questão da “troca compensatória”, ou seja, se ganhamos por um lado escolhendo determinada técnica, por outro lado teremos algum revés desta mesma escolha. Você vai entender isso melhor durante a consulta médica!

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